Eu “espico” português.
Para trabalhar em Newark e sobrevivar, é necssário criar truques, para não escutar a quantidade colossal de merda que é despejada na sua orelha quando se anda apenas quatro quadras por dia, da estação ao trabalho.
Eu já ando desenvolvendo verdadeiras técnicas, passíveis de estudos universitários, para bloquear o som exterior. Hoje a situação se superou, como se não bastasse os pobres e os pretos (posso falar pretos no blog? É, porque eu já me acostumei a chamar os pretos de coloridos, de branquinhos, de tão sério que parece ser isso aqui!). É gente pedindo dinheiro, cigarro, comida, ticket do ônibus ou querendo te assaltar. Ôh, cidade terrível. Ontem, até dentro do meu escritório, que fica num prédio ótimo e razoavelmente bem localizado, entrou um cara e pediu dinheiro para lutar contra a leucemia. Leucemia my ass.
Então hoje de manhã, ao atravessar a rua e passar na frente do carro de polícia (existe alguma lei que diz que não posso atravessar na frente do carro de polícia?) o polícial saiu do carro e me disse:
“—Do you want a ticket ma’am?”
Aí que entram meus truques. Eu uso o fone do dicsman – sim, eu ainda uso um discman, por mais ET que eu pareça quando tiro o aparelhinho da bolsa para trocar o CD, eu continuo contra o i-Pod – e faço de conta que eu não escuto nada.Mesmo se a bateria acabou, o Cd enjoou, não está tocando nada, ande com os phones no ouvido. Hoje, com os policiais funcionou. Continuei andando e fiz de conta que eu nem escutei. Porque se eu tivesse escutado eu ia ter que responder com um "why?" e isso ia gerar confusão = a última coisa que eu quero aqui. Funciona também para bloquear o português excelente do pessoal que anda por aqui, já que em Newark não se fala Inglês.
As expressões que acabam sendo “aportuguesadas” são as piores.
- Printa este trabalho (imprimir - print)
- Eu tenho que serapiar meu computador (setup)
- Eu vou dropar as coisas por aí (entregar – drop)
- Tenho q ue parquear meu carro (park – estacionar)
- Você está bysada? (busy – ocupado)
- Eu espico português (speak – falo)
Vou acabar fazendo um “dicionário português-americano em NJ.” Nada melhor do que um phone bem grande para andar pelas ruas por aqui. E o Afonso ainda tem a cara de pau de brincar que eu vou “adorar” trabalhar em Newark. Segundo ele, daqui a pouco eu conheço todo mundo e já estou enchendo a cara pelos bares. Aí eu fiquei imaginando, eu vou conhecer todo o mundo, sair com os babes, e nós vamos conversar assim:
“- Oi Vanessa, tudo bom? Olha desculpa a demora, eu estava tão bisado hoje, serapiei meu computador inteiro e depois tive que printar um monte de documentos, aí chegando aqui não tinha vaga para parquear. Além disso eu tive que dropar umas coisas na casa da minha irmã, você tá me esperando há muito tempo? Garçon, vê uma rootbeer.”
Com certeza, eu vou sair com todos os babes.
Eu já ando desenvolvendo verdadeiras técnicas, passíveis de estudos universitários, para bloquear o som exterior. Hoje a situação se superou, como se não bastasse os pobres e os pretos (posso falar pretos no blog? É, porque eu já me acostumei a chamar os pretos de coloridos, de branquinhos, de tão sério que parece ser isso aqui!). É gente pedindo dinheiro, cigarro, comida, ticket do ônibus ou querendo te assaltar. Ôh, cidade terrível. Ontem, até dentro do meu escritório, que fica num prédio ótimo e razoavelmente bem localizado, entrou um cara e pediu dinheiro para lutar contra a leucemia. Leucemia my ass.
Então hoje de manhã, ao atravessar a rua e passar na frente do carro de polícia (existe alguma lei que diz que não posso atravessar na frente do carro de polícia?) o polícial saiu do carro e me disse:
“—Do you want a ticket ma’am?”
Aí que entram meus truques. Eu uso o fone do dicsman – sim, eu ainda uso um discman, por mais ET que eu pareça quando tiro o aparelhinho da bolsa para trocar o CD, eu continuo contra o i-Pod – e faço de conta que eu não escuto nada.Mesmo se a bateria acabou, o Cd enjoou, não está tocando nada, ande com os phones no ouvido. Hoje, com os policiais funcionou. Continuei andando e fiz de conta que eu nem escutei. Porque se eu tivesse escutado eu ia ter que responder com um "why?" e isso ia gerar confusão = a última coisa que eu quero aqui. Funciona também para bloquear o português excelente do pessoal que anda por aqui, já que em Newark não se fala Inglês.
As expressões que acabam sendo “aportuguesadas” são as piores.
- Printa este trabalho (imprimir - print)
- Eu tenho que serapiar meu computador (setup)
- Eu vou dropar as coisas por aí (entregar – drop)
- Tenho q ue parquear meu carro (park – estacionar)
- Você está bysada? (busy – ocupado)
- Eu espico português (speak – falo)
Vou acabar fazendo um “dicionário português-americano em NJ.” Nada melhor do que um phone bem grande para andar pelas ruas por aqui. E o Afonso ainda tem a cara de pau de brincar que eu vou “adorar” trabalhar em Newark. Segundo ele, daqui a pouco eu conheço todo mundo e já estou enchendo a cara pelos bares. Aí eu fiquei imaginando, eu vou conhecer todo o mundo, sair com os babes, e nós vamos conversar assim:
“- Oi Vanessa, tudo bom? Olha desculpa a demora, eu estava tão bisado hoje, serapiei meu computador inteiro e depois tive que printar um monte de documentos, aí chegando aqui não tinha vaga para parquear. Além disso eu tive que dropar umas coisas na casa da minha irmã, você tá me esperando há muito tempo? Garçon, vê uma rootbeer.”
Com certeza, eu vou sair com todos os babes.