« Home | We are really lost! » | Post Secret » | Filhos de uma puta, » | Seu Jorge » | Both Sides of the Gun » | Programa Dr. Glamour da Rede Record » | Mataram Arturo » | EXTRA » | Forbes » | I lie awake at night... »

Dia sem Imigrantes

EUA - Dia sem Imigrantes- especial - Data: 2/5/2006 18:57:39


Mychelle Romeda, Vanessa Mael e Nilza Barros, do Extra*/Especial para BR Press

(EUA, BR Press*) - No dia em que se comemora o trabalho mundialmente, os imigrantes ilegais nos Estados Unidos foram às ruas de Los Angeles, New York, Philadelphia e outros Estados do sul do país. O 1º de maio foi marcado como o dia do boicote nacional em favor da legalização e contra um endurecimento nas leis de imigração.

Em mais de 60 cidades norte-americanas, milhares de pessoas ficaram fora das salas de aula, locais de trabalho e shoppings, para fazer sentir seu peso e influência na economia e na sociedade norte-americana.

As manifestações ocorrem enquanto o governo norte-americano discute novas propostas envolvendo os imigrantes no país. Uma delas, atualmente paralisada no Senado, facilita a legalização dos imigrantes, enquanto a outra aumenta as punições aos imigrantes ilegais e o controle nas fronteiras.

Newark, New Jersey



A intenção dos organizadores do protesto era realizar uma manifestação como a que aconteceu no filme Um Dia Sem Mexicanos. Ruas vazias, comércio e serviços públicos caótico – o dia em que o país parou. Essa pode ter sido a realidade de muitas das 60 cidades que participaram do movimento, mas com certeza não foi a da cidade de Newark.

Desentendidos

Com uma das maiores concentrações de imigrantes na costa leste dos Estados Unidos, o bairro do Ironbound estava o mesmo de sempre. Apesar de vários pontos comerciais importantes terem fechado suas portas e aderido ao movimento, grupos de pessoas nas esquinas pareciam não entender ou discordavam do sentido do movimento Um Dia sem Imigrantes.

Seja por medo ou ignorância, muitos moradores não quiseram se pronunciar a respeito ou alegaram não estar a par dos acontecimentos. O advogado aposentado Ramiro González imigrou com a família vindo da República Dominicana, em 1964, e considera-se experiente para afirmar que há falhas de ambos os lados.

“O que se percebe é uma falta de entendimento em torno da definição do que vem a ser um imigrante. Imigrar é entrar num país para nele viver. Não tem nada a ver com o que a maioria pratica. Vem, trabalha, usurpa do país, manda todo o dinheiro para o país de origem e vai embora, sem nunca nem ter pago um centavo ao governo e sem contribui. Isso não é ser imigrante e esses não merecem legalização”, acredita.

Danbury, Connecticut

Em Danbury, os protestos começaram no domingo (30/05). Os imigrantes marcharam do Kennedy Park até o Rogers Park. A manifestação contou com aproximadamente 3 mil pessoas de diferentes nacionalidades, segundo os organizadores. A passeata foi uma iniciativa das empresárias Linalva Coelho, Maria Evans e Elisa Xavier.

“Tínhamos por obrigação colocar 10 mil pessoas na Main Street de Danbury. Mas os que mais necessitavam mostrar a ‘força’ dos imigrantes estiveram ausentes, talvez por medo da exposição. Acho incrível que as pessoas que arriscam suas vidas na fronteira com o México tenham medo de comparecer a uma passeata pacífica onde a própria polícia deu proteção", afirmou Maria Evans.

Manifestantes contrários

A passeata também contou com a presença de muitos norte-americanos simpatizantes da causa dos imigrantes. Mas um fato que chamou a atenção foi a presença de um grupo de manifestantes contrários à regularização dos imigrantes. Eles empunhavam cartazes com frases Arrest Criminal Employers (Prendam os empregadores criminosos), “Ilegals have no right being here or in our schools” (Ilegais não têm o direito de viver aqui ou em nossas escolas), “Illegal aliens don’t pay for property taxes” (Imigrantes ilegais não pagam taxas sobre imóveis) e “Illegal aliens I want you out of my country” (Imigrantes ilegais eu quero vocês fora do meu país).

Nova York, NY

No cruzamento entre a Baxter St. e Canal St., em New York, exatamente às 12h16, do dia 1º de maio, uma linha de pessoas surgiu, formando uma corrente humana. Alinhados à calçada, contra as lojas da área conhecida como Chinatown, eles carregavam cartazes que diziam We Are America (Nós Somos América) e I Love Imigrant New York (Eu Amo New York-Imigrante).

O horário escolhido se refere à data em que a House of Representatives aprovou a lei HR 4437, em 16 de dezembro de 2005. Esta lei que ainda está sob decisão do Senado norte-americano, pretende transformar todo e qualquer imigrante que esteja sem documentos em criminoso. “Em 1920, meus pais chegaram em New York vindos da Irlanda e enfrentaram muitos problemas”, conta Jim Wellby, norte-americano participante da corrente. “Sou a favor desse movimento. Não fosse pela imigração, eu não estaria aqui neste país”, continuou.

12 milhões

Durante exatos vinte minutos, imigrantes de diversas nacionalidades e norte-americanos deram as mãos uns aos outros, em protesto às ações que o governo tem tomado com a finalidade de fechar as fronteiras do país e criminalizar mais de 12 milhões de pessoas que vivem hoje ilegalmente no EUA. “Eu sou imigrante, vim da Nigéria há 17 anos e já sou cidadã norte-americana”, disse Ojiug Uzoma. “Sou solidária à causa, outras pessoas deveriam ter os mesmos direitos que eu tenho”.

O evento – parte da paralização denominada Dia sem Imigrantes - foi organizado pelo grupo New York Immigration Coalition, com apoio do Make the Road by Walking, com base no Brooklyn, onde a idéia da corrente humana também foi levada à prática no Ditmas Park.

Além de Manhattan e Brooklyn, a mobilização também aconteceu em distritos comerciais de outros três bairros da cidade. Um dos organizadores, Ramon Martinez, original da Costa Rica e cidadão do EUA há mais de 20 anos, afirmou que mais de 3 mil pessoas se reuniram em Chinatown.

(*) Conteúdo do jornal Extra, publicado nos EUA e distribuído no Brasil pela BR Press.