É claro que eu comprei os tickets para ver a J.K. Rowling, o Stephen King e o John Irving. Quando acontece coisas absurdas deste tipo (eventos com escritores, comediantes ou cantores que eu amo de paixão), eu não perco por absolutamente nada no planeta. Eu não espero por credencial de imprensa, por companhia, por nada... Eu corro e compro meu ticket. Se eu tiver com quem ir, é lucro.
E tem sido assim ultimamente, eu tenho visto coisas (que eu considereo fantásticas) absolutamente sozinha. Sabe, falta paixão nas pessoas... Ninguém parece admirar nada hoje em dia.
Enfim, coloquei minha camiseta com o brasão da casa Hufflepuff que, coincidentemente, deixa minha tatuagem “dork” aparecendo. Entrei em um metrô que estava com o ar-condicionado desligado em um destes dias de 125ºF (que eu tenho certeza absoluta que estava muito mais quente do que isso! Meu amigo, o inferno é aqui e agora!), e segui para o Radio City Music Hall.
No caminho, lendo um livro de um dos autores do evento, um senhor tenta puxar conversa comigo. Acho que ele não se conformava em ver uma pessoa que não tem mais 15 anos, vestindo uma camiseta do Harry Potter, com uma tatuagem que representa o nome de um autor pop no braço, lendo um livro adolescente e lança: “Quantos anos você tem?”
Lógico que eu passei o resto da noite refletindo sobre como as pessoas têm estabelecido como regra o que deve ser o comportamento de um adulto. Não existe flexibilidade no mundo. Padrão é padrão e ponto final.
No teatro, surpresa atrás de surpresa. Whoopy Goldberg (que eu já tinha visto apresentando o Grammy de 2003, aqui em New York) aparece como convidada surpresa para apresentar o evento. Fez um puta de um discurso longo e engraçado, falando sobre como, em uma era em que todo mundo passa o dia vidrado na internet, aqueles autores alí ainda conseguiam fazer com que as pessoas parassem para ler um livro.
Em seguida, Tim Robins entra no palco para apresentar Stephen King. O cara conta de sua experiência em “Shawshank Redemption” (Um Sonho de Liberdade), e como aquele filme (baseado em um livro de King) mudou a sua vida.
O Stephen King, assim como o John Irving, emocionaram. Juro. Os caras contaram coisas sobre suas vidas pessoais, se mostraram humanos e não celebridades.
Ao contrário do que se esperava, King não leu “Carrie” e, sim, um trecho de “The Body”, novela que inspirou o filme “Stand By Me”(Conte Comigo), que todo mundo deve ter assistido repetidamente na Sessão da Tarde.
O trecho escolhido foi aquele sobre a competição de quem come mais tardas de blueberry em menos tempo e que termina com todo mundo vomitando. O mais engraçado foi, durante a descrição dos diferentes tipos de vômito, King pára, olha para a audiencia e diz “Can you believe they pay me for make this kinda thing up?”, com um outa sorriso no rosto.
Mais tarde ele conta de sua vida em Maine, do casamento, dos filhos, da cidade, e do quanto ele é feliz fazendo o que faz. Faz piadas de tudo, elogia J.K. Rowling sem parar, e fala que um dos únicos personagens que deixaram ele com medo, nos últimos anos, são os Death Eaters.
Depois, Stanley Tucci, ator de “The Devil Wears Prada”, e “The Terminal”, apresenta John Irving, que leu o primeiro capítulo de “A Prayer for Owen Meany”, um livro fortíssimo, que começa hilário, e que acaba te fazendo chorar horrores no final, e pensar sobre um milhão de questões morais e espirituais.
Eu já fazia uma idéia na cabeça da voz do Owen (um menino que é pequeno e tem uma voz insuportavelmente fina), mas ver o John Irving imitar a voz durante mais de 30 minutos foi impagável.
Mais tarde, ele fez uma análise longa sobre sua vida como escritor. Ele conta que a escolha daquele livro tem a ver com a recente experiência de escrever sobre coisas que realmente aconteceram em sua vida. Conta que conhecia Owen, e que demorou mais de 30 anos para escrever algum livro auto-biográfico (falando aqui de “Until I Find You”).
Eu respeito o cara muito mais hoje. Ele teve a coragem de detalhar a experiência de “Until I Find You”, contou que esperou para ecsrever o livro sobre sua infância-adolescência porque queria ter certeza que já tinha esquecido tudo o que o tinha feito sofrer no passado.
No final, acabou descobrindo que escrever o livro só trouxe memórias ruins, de um tempo que deveria ter permanecido perdido no passado e que não recomenda para ninguém ficar remexendo no que já passou.
Conscientemente ou não, um pregador da Psicologia Positiva. (I’m very into Positive Psychology. If Positive Psychology was a religion, I’d be very faithful. No kidding.).
Kathy Bates apresenta J. K. Rowling, em um discurso pra lá de clever, fazendo piadas sobre Google, Deus e Rarry Potter. Então entra J. K. Rowling. A mulher virou celebridade, e isso me incomoda. Sabe, ela não é mais ou menos importante que nenhum dos outros dois escritores alí, para receber uma atenção maior. Mas, isso é bobagem minha.
Ela leu o trcho do livro 6, em que o Dumbledore volta ao tempo e vai até o orfanato em que Tom Riddle foi criado, para investigar a história do Voldemort. Claro, o livro 6 foi destruído para mim. Antes mesmo de eu terminar o 5 e comprar o 6, um amigo meu babaca me mandou uma mensagem de msn com o link para a página que conta que Dumbledore morre. Deste tipo de coisa que só uma pessoa evil poderia fazer.
Rowling acaba com o suspense e explica que Dumbledore morreu mesmo e que as pessoas têm que aprender “to let it go”. Eu, que tinha toda uma teoria de que a morte dele teria sido fake e, que ele retornaria no livro 7, me ferrei.
Viagem minha? Porra, tem até um website que concorda comigo (
www.dumbledoreisnotdead.com)!
Ela diz, “Don’t make a Gandalf out of him!”.
Bitch!
Matéria do Washington Post sobre a primeira noite do evento.