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Eu estava lendo os blogs por aí (só hoje pq eu trabalhei muito em 11 e 12 de Setembro) e tava notando os posts sobre a queda das Torres Gemeas há 2 anos atrás. O que me surpreendeu foi que muita gente contou sua história, onde estava e o que estava fazendona manhã em que a América foi atacada.

Eu costumava fazer isso, até chegar aqui. Quando se tocava no assunto, eu sempre contava minha história sobre aquela manhã. Aqui as coisas mudaram de figura, minha história já não tinha “graça” nenhuma, já que aqui eu encontrei três pessoas que pederam parentes nas torres e que tem histórias muito mais chocantes que a minha. Angustiantes, na verdade.

A maioria dos meus amigos já moravam aqui, eu sou a caçula em todos os sentidos, e foram atingidos diretamente pelo acontecimento. O Afonso tinha cabado de entrar na cidade para ir para a escola de Inglês, ainda no túnnel o ônibus recebeu ordens para virar e voltar pelo menos local: a cidade estava interditada. Todo mundo desesperadp atrás dele, os telefones não completavam as chamadas.

Muita gente que estava em Manhattan passou aquela noite ou na rua, ou com amigos, voltar para Jersey parecia impossível. Dos meus colegas que estavam na cidade, alguns têm problemas respiratórios até hoje, um por exemplo desenvolveu asma.

Aqui eu também desenvolvi uma sensibilidade maior sobre o assunto, enquanto no Brasil, radicalmente, eu pensava que foi um acontecimento fantástico, hoje eu percebo a besteira que eu estava falando, nada justifica a morte de 3.000 pessoas.

Além disso a queda das torres afeta a todos até hoje. A ecônomia é outra. Todo mundo que vive aqui desde antes do atentado diz a mesma coisa: hoje não se ganha como antes, hoje não se gasta como antes. Tudo é muito mais caro.

De certa forma neste ponto eu fui atingida. Na multinacional em que eu trabalho, a matriz de NJ que contava com 8 funcionários fixos, tem hoje apenas 1. Eu sou a mocinha que assume os cargos desde o office boy, até o gerente da empresa. Ninguém mais compra fibra óptica dentro dos EUA hoje em dia, meu maior cliente é o México (!), e por isso eu trabalho olhando para as paredes, sem ninguém para dividir o serviço ou conversar.

Eu realmente acredito que a ecônomia do país não seja mais a mesma.

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No mesmo dia: 11 de Setembro de 2001, enquanto a mídia em geral se matava de noticiar o atentado, Suzan Sontag, que escreve para o The New York Times, fez em sua coluna um protesto. Naquele mesmo dia a ONU tinha soltado um boletin oficial com os números de mortes de crianças na Africa por fome. Seriam mais de 32.000, cerca de 10 vezes mais que o número de mortes no WTC.

Eu amei coluna da moça, e achei que aquilo mostrou tanto e significou tanto que por isso mesmo este ano por exemplo eu não fiz post sobre September Eleven na data correta. Coisas muito mais sérias acontecem diariamente ao nosso redor (guerra civil no Brasil, para a qual, hoje em dia, ninguém parece dar a mínima), ou bem longe da gente, mas que consideramos “normal” como crianças morrerem de fome e meses depois bilhões de dólares serem investidos numa guerra no Afeganistam.

Bem justo...acho que precisamos rever muitos princípios. Todos se mobilizam, escrevem, choram, publicam, lêem sobre o WTC, e o resto do mundo é perfeito?????

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A minha história (resumida):


O prefeito de Campinas tinha acabado de ser assassinado na noite anterior, eu havia passado a noite na rua, cavando informações, inclusive na cena do crime (bem perto de casa), para fazer um texto e vender para alguém, pobre coitada...

Após ter passado a noite acordada atrás do meu trabalho, eu fui fazer café de manha, enquanto meu irmão estava na televisão. Do quarto ele gritava: “Van, tem um filme irado passando, é um avião batendo ‘nuns prédio’”. O avião batendo “nuns prédio” eram os aviões sequestrados se chocando com as torres. Não sabia se me preocupava mais o atentados ou a ignorância do meu irmão.

Minha viagem estava emcaminhada, eu tinha acabado de pedir demissão do meu emprego quatro dias antes, e deveria embarcar para NY em Dezembro quando a agência liga em casa dizendo “devido aos atentados sua viagem vai atrasar três meses”.

Minha mãe pirou, disse que eu só viajaria com o meu dinheiro (??) pois com o dela, eu poderia parar de sonhar. Se eu queria me suicidar, eu que fizesse isso sozinha. Minha avó mandava eu procurar a igreja e rezar, deveria estar possuída por alguma força que me levaria ao encontro dos terroristas que querem destruir o mundo.

Eu embarquei em Março de 2002. Até Junho dos mesmo ano ainda se via as luzes que simbolizavam as torres. Muito bonito mesmo.

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A história de uma conhcecida: ela tinha cabado de se casar, os dois eram mulçumanos, e diziam se amar muito. Viviam em Hoboken (do outro lado de Manhattan, de onde se via as torres perfeitamente). Ele foi a uma entrevista de emprego no WTC aquela manha, um único dia, uma única entrevista. Quando começou a acontecer algo, ele ligou do celular para casa e deixou uma mensagem para ela não se preocupar, estava tendo algum problema no complexo empresárial, ele não sabia ainda o que era, mas ia ficar tudo bem. Ela estava no mercado quando viu as imagens pela TV, saiu correndo para casa e quando voltou pode assistir as torres caindo da janela, e ouvindo a mensagem do marido na caixa eletrônica.

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O mundo não vai ser o mesmo. Ok, mas existem coisas muito mais sérias a serem levadas em consideração na minha opinião. Tantas outras questões que merecem tanta atenção seja da mídia, seja tua mesmao. Tem tanta coisa errada e muito mais de 3.000 pessoas morrendo em outros pontos do mundo.Um atentado que entrou para a história, na minha opinião só pro tirar a virgindade da América, a seguran;ca não é perfeita, ninguém está preparado para nada, e sim, podem ser atacados por qualquer um a qualquer minuto.