Eu estou me mudando.
Ninguém sabe ainda, nem minha mãe, nem meu bolso, nem meu apartamento, nem os meus móveis. Mas eu estou me mudando. Hoje eu vou conhecer meu novo lar, um apartamento em Belleville. É tudo o que eu sei. Eu stou me mudando oras, não me mudei ainda.
Ontem, eu passei o dia jogando o sofá velho no lixo. É que atualmente eu moro no quarto andar de um p’redio de apartamentos sem elevadores. Então era inviável descer com o sofá na cabeça – ele mal cabia nos corredores. O Afonso deu a primeira tezourada no tecido do sofá e eu já sabia que estava me mudando.
Eu tenho um relacionamento sério com meu apartamento atual. Passei dois meses praticamente sem comer para poder guardar dinheiro. Só trabalhava. À noite, eu fugia para o restaurante do Charlie, onde ele me dava um prato de comida. Assim eu podia guardar meu $1 dólar diário destino à enxer a minha barriga para pagar o apartamento.
Morei EXATOS dois meses no barraco. Umas semanas antes de completar as oitro semanas eu sentei no sofá da casa da Márcia e abri um jornal. Achei meu apartamento lá dentro.
A gente sabe quando encontra a nossa casa. A gente sente o cheiro. Eu já morei lá com roomate, com minha mãe (três vezes durante um mês cada, e com intervalos de cinco meses entre cada período), com marido, sozinha, com muita gente, com tartarugas e baratas.
Eu gosto demais da minha casa atual. É minha. Meu lar. Eu sofri para conseguir. Eu consegui. É meu primeiro lar. O local que eu posso chamar de meu de verdade. Apesar de existir um leasing em algum lugar dentro de alguma daquelas gavetas dando a propriedade do apartamento a uma companhia qualquer. Uma companhia que não tem o amor que eu tenho por aquele apartamento.
A escritura de uma casa deveria pertencer à quem mais ama o local, e não à quem tem mais dinheiro. Mas não é por isso que eu estou me mudando.
É por tantos, tantos outros motivos que eu não sei onde começam ou onde terminam. Assim, tive que escolher um, para colocar culpa. É porque meu roomate está se mudando.
Como eu não posso levar mais o apartamento sozinha eu preciso me mudar. Como não existe ninguém que eu conheça ou não, mas que queria morar lá comigo, eu tenho que me mudar.
O aluguel aumenta em Maio também. É, é melhor me mudar. É sempre bom mudar. E para abrandara dor de deixar meu primeiro lar eu to olhando para vários pontos que podem parecer bons.
Posso achar um aluguel mais barato. Posso ter companhia muito melhor para morar junto. Posso morar perto do trabalho. Posso morar num prédio com elevador. Posso morar num prédio onde eu possa ter um cachorro. Posso morar em algum lugar onde eu realmente possa ser feliz.
Tô me mudando.
Ninguém sabe ainda, nem minha mãe, nem meu bolso, nem meu apartamento, nem os meus móveis. Mas eu estou me mudando. Hoje eu vou conhecer meu novo lar, um apartamento em Belleville. É tudo o que eu sei. Eu stou me mudando oras, não me mudei ainda.
Ontem, eu passei o dia jogando o sofá velho no lixo. É que atualmente eu moro no quarto andar de um p’redio de apartamentos sem elevadores. Então era inviável descer com o sofá na cabeça – ele mal cabia nos corredores. O Afonso deu a primeira tezourada no tecido do sofá e eu já sabia que estava me mudando.
Eu tenho um relacionamento sério com meu apartamento atual. Passei dois meses praticamente sem comer para poder guardar dinheiro. Só trabalhava. À noite, eu fugia para o restaurante do Charlie, onde ele me dava um prato de comida. Assim eu podia guardar meu $1 dólar diário destino à enxer a minha barriga para pagar o apartamento.
Morei EXATOS dois meses no barraco. Umas semanas antes de completar as oitro semanas eu sentei no sofá da casa da Márcia e abri um jornal. Achei meu apartamento lá dentro.
A gente sabe quando encontra a nossa casa. A gente sente o cheiro. Eu já morei lá com roomate, com minha mãe (três vezes durante um mês cada, e com intervalos de cinco meses entre cada período), com marido, sozinha, com muita gente, com tartarugas e baratas.
Eu gosto demais da minha casa atual. É minha. Meu lar. Eu sofri para conseguir. Eu consegui. É meu primeiro lar. O local que eu posso chamar de meu de verdade. Apesar de existir um leasing em algum lugar dentro de alguma daquelas gavetas dando a propriedade do apartamento a uma companhia qualquer. Uma companhia que não tem o amor que eu tenho por aquele apartamento.
A escritura de uma casa deveria pertencer à quem mais ama o local, e não à quem tem mais dinheiro. Mas não é por isso que eu estou me mudando.
É por tantos, tantos outros motivos que eu não sei onde começam ou onde terminam. Assim, tive que escolher um, para colocar culpa. É porque meu roomate está se mudando.
Como eu não posso levar mais o apartamento sozinha eu preciso me mudar. Como não existe ninguém que eu conheça ou não, mas que queria morar lá comigo, eu tenho que me mudar.
O aluguel aumenta em Maio também. É, é melhor me mudar. É sempre bom mudar. E para abrandara dor de deixar meu primeiro lar eu to olhando para vários pontos que podem parecer bons.
Posso achar um aluguel mais barato. Posso ter companhia muito melhor para morar junto. Posso morar perto do trabalho. Posso morar num prédio com elevador. Posso morar num prédio onde eu possa ter um cachorro. Posso morar em algum lugar onde eu realmente possa ser feliz.
Tô me mudando.
